Um artigo da minha amiga Adriana publicado em 19 de Setembro de 2008 em Noticias do Douto - SECÇÃO: Opinião
Gostei, revela sentir, devir...e nós somos feitos de Amor e Paixão.
Obrigada Adriana por este teu belo texto.
"Eu sei que vou-te amar... “Eu sei que vou-te amar para toda a minha vida”, disse-lhe ele depois de a ter pedido em casamento. Foi o dia mais feliz da vida dos dois. Porém, essa felicidade teve o seu fim no dia em que discutiram por causa das contas da lavandaria.A vida, as vezes, mata o amor. No entanto, a realidade/ vida é aprazível se for vivida num mundo de amor. O ser humano tem perdido, ao longo dos anos, paciência para o amor puro, a saudade, o medo ou a insegurança. Aliás Miguel Esteves Cardoso, num dos seus textos, diz que o amor é a “doença que é o cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo”. A afirmação do escritor realça as características do amor como a força, a vontade de lutar, a paixão que nos consome e o brilho nos olhos. Todavia uma pessoa mais pessimista, na mesma afirmação, também se pode recordar do desastre das actuais relações amorosas e para isso basta pensar naquelas que nos destroem, que nos empurram para o casamento e consequentemente relações falhadas e de infelicidade.Na semana anterior, durante um jantar de amigos, tive oportunidade de observar uma despedida de solteiro. A despedida de solteiro caracterizou-se pelo convívio, bebidas, prendas, mas acima de tudo festa. O que me levou a reflectir sobre a instituição que é o casamento e consequentemente a sua ligação com a família. O casamento é um vínculo estabelecido entre duas pessoas mediante o reconhecimento religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de intimidade. Porém, não resisti a colocar a reflexão na mesa e consegui absorver diferentes perspectivas. No entanto, uma tónica comum: o desvincular do casamento. Todos aceitavam que o casamento é um passo que a sociedade nos impõe, mas nada impede de o realizar várias vezes. Sem dúvida, que para a minha geração o importante esta no Eu. O casamento é um passo idêntico a ir tomar café e que se pode finalizar por causa da lavandaria, porque ele ressona ou porque ela faz muitas compras. Mas, pior são as consequências desta maneira de pensar: pessoas mais solitárias, famílias unifamiliares, indiferença pelo respeito e pelos sentimentos do outro, ou seja, é uma geração que padece da falta de valores. Sucede que a minha curiosidade ainda não estava satisfeita e decidi lançar mais uma carta para a mesa: e a família? Mas as perspectivas enfatizavam todas a mesma tónica: a vontade em constituir família, mas sem a necessidade de um casamento. O importante é ser mãe ou pai porque, mais uma vez, a sociedade nos empurra a contribuir para a natalidade do país. Acontece que as perspectivas originaram mesmo exemplos, nomeadamente o da Ministra da Justiça francesa, solteira, que reconheceu a sua gravidez mesmo havendo rumores devido ao seu estado civil. A Ministra definiu-se como uma mulher extremamente livre e afirmou que ter um filho “será seguramente o momento mais bonito” da sua vida. Em suma, a paixão característica das relações que devia ser desmedida passou a sê-lo somente na medida do possível. Já o amor tornou-se uma questão prática que origina que as pessoas sobrevivam praticamente apaixonadas pelos outros, mas a sentir um amor ferveroso por si próprias. Enfim, já não se ouve dizer: Eu vou-te amar para o resto da tua vida…."
Adriana Neves, Dr.ª
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